Apresentação



A presença de David Hume (1711-1776) no mundo da Filosofia justifica um esforço compreensivo que contribua para uma clarificação crítica e historiográfica de questões fundamentais da sua obra. Esta abarca áreas da Filosofia do Conhecimento, da Filosofia Moral e Política, da Antropologia Filosófica, da Estética e da Filosofia da Religião.

Considerado como um marco da tradição empírica iniciada por Locke e Berkeley, mas também como a continuidade da tradição céptica de Epicuro e Lucrécio, o pensamento de David Hume ocupa-se da natureza humana e investiga aí os limites e as possibilidades do discurso filosófico. Assim sendo, procura mostrar que o conhecimento humano, a ética e a ordem política não necessitam de recorrer a argumentos metafísicos ou de natureza apriorística, por ele considerados como instrumentos da razão para explicar erroneamente o conhecer e o agir humanos.

Enquadrado num debate filosófico que inclui pensadores como Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650), John Locke (1632-1704), Nicolas Malebranche (1638-1715), Gottfried Leibniz (1646-1716), Samuel Clark (1675-1729), George Berkeley (1685-1753), Francis Hutcheson (1694-1746), Adam Smith (1723-1790), bem como outros que reviram e investigaram aspectos particulares das suas teorias, nomeadamente Immanuel Kant (1724-1804), a obra de David Hume foi recebida e debatida por autores racionalistas e formalistas, epistemólogos, fenomenólogos e teóricos políticos.

O Colóquio tem como objectivos principais o estudo e a compreensão crítica da obra de David Hume, através da discussão do seu lugar na História da Filosofia e do debate acerca da pertinência filosófica do seu legado, isto é, os desenvolvimentos posteriores que as principais teorias humeanas sofreram, segundo o estudo crítico e reinterpretativo dos autores que delas se ocuparam.