Resumos e Notas Curriculares

1º Dia – 06/12/2011

Conferência de Abertura:

Mendo Henriques
«David Hume e as origens do solipsismo moderno»

Resumo da conferência:
A filosofia de David Hume, tem sido descrita como a reductio ad absurdum do empirismo. Mais exatamente, o que nela se deve ao empirismo não é absurdo, e o que nela é absurdo deve-se a uma doutrina simplista sobre a origem das ideias em impressões sensoriais, bem como a outros erros e solecismos que culminam num solipsismo moderno que encontrou a sua expressão na divulgação do “self” na cultura anglo-saxónica.
Tal como se apresenta já no Tratado da Natureza Humana, a obra que abordarei nesta conferência, o principal legado de Hume reside na distinção entre questões de lógica, de facto e de valor. Mas este legado nada tem a ver com a teoria das impressões e ideias. As questões de lógica são resolvidas mediante as relações lógicas entre ideias, sendo as respostas proposições analíticas. A segunda questão é resolvida pela experiência e pela inferência indutiva, sem qualquer justificação lógica, sendo as respostas proposições sintéticas. A terceira questão, resolve-a Hume mediante os sentimentos e as avaliações.
Dos seus sucessores, apenas Kant entendeu o legado de Hume em negar que a metafísica racionalista pode demonstrar verdades sobre o universo, e em exigir um exame crítico dos nossos poderes cognitivos. Mas uma vez desperto por Hume do que chamou o “sono dogmático” - como poderia ter sido desperto por Berkeley se assim o entendesse - logo Kant o ultrapassa, ao descobrir a forma como as proposições sintéticas a priori, podem ser estabelecidas mediante pressupostos quer do conhecimento empírico, quer da auto-consciência quer das nossas escolhas  práticas. Ultrapassava assim os argumentos medíocres de Hume sobre a impotência da moral – argumentos que virão a ser reciclados por Jeremy Bentham no utilitarismo. E refutava também o cientismo de Hume, proclamado no sub-título do Tratado “Uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais”  e que pretendia remeter o pensamento e a ação humana para processos naturais a serem estudados pelas ciências naturais.
O que Hume posteriormente publicou, nomeadamente na Investigação sobre o Entendimento Humano, foi concebido para remediar os defeitos na apresentação e estilo do Tratado da Natureza Humana, mas nada de significativo veio acrescentar ao solipsismo e ao cientismo da sua obra inaugural.

Breve nota curricular:
Mendo Castro Henriques é Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e membro da direcção do Centro de Estudos de Filosofia. É autor de publicações na área da Filosofia Política e da Consciência em Portugal, Espanha, França, Itália, Brasil e Estados Unidos, além de outras obras e actividades no âmbito da Ciência Política, Cidadania e Defesa e História de Portugal. É Presidente da Direção do Instituto da Democracia Portuguesa.

1º Painel - Filosofia da Religião I

Carlos Silva
«Racionalidade céptica da crença – Perspectivas da filosofia da Religião segundo David Hume»

Resumo da comunicação:
Após uma contextuação biográfica e histórica dos limites da linguagem de David Hume, salienta-se a Religião segundo a abordagem da «Natural Historyof Religion». Sublinhando-se, a despeito da divina Transcendência (do Teísmo) e da Razão de Deus (do Deísmo), o questionamento dialogal, céptico e relativo da ‘fenomenologia’ da crença (nos Dialogues concerning Natural Religion…). Conclui-se pela importância da pedagogia do cepticismo e sua utilidade no âmbito da crença.

Breve nota curricular:
Formação em Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa, onde foi Assistente com regência de várias disciplinas. A partir de 1984 está como docente em tempo integral no Departamento de Filosofia da U.C.P. – Lisboa. Encarregado da leccionação desenvolve investigação nas áreas da Filosofia da Consciência e Ontologia, da Filosofia da Religião e da Mística, etc. Tem publicados cerca de duas centenas de trabalhos em Revistas e obras dentro daqueles domínios. Deu também colaboração noutras instituições, como o Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora. A partir de 2004, já como Professor Associado em exclusividade de funções na Área de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da U.C.P. Aposentou-se no ano de 2010.

José Manuel Heleno
«Observações sobre a Filosofia da Religião em David Hume»

Resumo da comunicação:
O intuito de Observações sobre a Filosofia da Religião em David Hume é o de refletir sobre temas que o filósofo escocês abordou nas suas obras dedicadas à religião. Deste modo, importa reanalisar conceitos como causa,analogia, existência e mal, tendo em vista compreender o contributo de Hume para a filosofia da religião e a sua influência na contemporaneidade. Se a religião tem de ter um fundamento racional tal deve-se à impossibilidade de imaginar um ser inteligente que não tivesse criado tudo. Hume valoriza a filosofia da religião porque considera que a religião necessita de uma análise crítica, ou seja, devemos expor argumentos tendo em vista a sua compreensão. O ponto fulcral é então analisar a convicção de que “toda a estrutura da natureza indicia um autor inteligente, e nenhum investigador racional, após uma séria reflexão, pode suspender por um momento a sua crença nos primeiros princípios do teísmo e da religião genuína.” (História Natural da Religião: 1757).

Breve nota curricular:
José Manuel Heleno é investigador no Centro de Estudos de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa. É doutorado em Filosofia Contemporânea com uma tese intitulada Hermenêutica e Ontologia em Paul Ricoeur (Faculdade de Letras de Lisboa). Autor de ensaios e novelas, faz parte do conselho científico da revista Phainomenon.

Samuel Dimas
«A filosofia da Religião em David Hume: teísmo, ateísmo ou deísmo?»

Resumo da comunicação:
Na sua filosofia da religião David Hume faz a distinção entre teísmo genuíno, que corresponde à afirmação de que toda a estrutura da natureza indica um Ser Supremo, autor inteligente e criador da ordem do Mundo, e teísmo supersticioso, que corresponde à crença do politeísmo idólatra na acção servil e familiar dos poderes superiores, descritos de forma antropomórfica com paixões e apetites, membros e órgãos humanos.
A partir desta distinção procuraremos mostrar que na obra deste autor não está em causa a essencial verdade religiosa acerca da existência de Deus, mas sim concepção antropomórfica dos atributos divinos e a sua adequada cognoscibilidade, bem como a forma das religiões conceberem a relação providencial com as criaturas no sentido da suprema justiça e da instauração de um futuro perfeito de integral redenção.
Assim, consideraremos que a sua posição não é de ateísmo, no sentido etimológico do termo, mas sim de deísmo, no sentido de inferir racionalmente a partir dos efeitos a existência da Divindade, como causa última de toda a ordem natural, sem, no entanto, ser possível a compreensão filosófica da sua incomensurável essencialidade, ficando o seu obscuro e contraditório discurso remetido para o plano da fé.

Breve nota curricular:
Samuel Dimas é investigador no Centro de Estudos de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e tem as seguintes habilitações académicas: Licenciatura em Teologia pela UCP com a tese A Intuição de Deus em Fernando Pessoa; Mestrado em Filosofia da Acção pela UCP com a tese A Dinâmica do Sujeito em Bernard Lonergan; Doutoramento em Filosofia Portuguesa com a tese A Teoria Metafísica da Experiência em Leonardo Coimbra: sobre a Razão Mistérica e a Redenção Integral.
Dedica-se à investigação do pensamento luso-brasileiro e do pensamento ibérico no âmbito da Filosofia e da Teologia, através de uma abordagem privilegiadamente metafísica com especial preocupação para os estudos de Ontologia, Gnosiologia, Antropologia Filosófica, Teologia Filosófica e Filosofia da Religião. Deve realçar-se, para além dos diversos artigos em actas de Encontros Científicos, as seguintes publicações: A Intuição de Deus em Fernando Pessoa - 25 poemas inéditos, Introdução de Peter Stilwell, colecção Épheta, Lisboa, Edições Didaskália e Assírio & Alvim para os 25 poemas inéditos, 1988, pp. 260; Deus, o Homem e a Simbólica do Real - Estudos sobre Metafísica Contemporânea, Prefácio de Manuel Ferreira Patrício, Lisboa, INCM, 2009, pp. 756 (Prémio FCH/Manchete, S.A. - 2010).

2º Painel – Filosofia do Conhecimento e Epistemologia

Maria de Lourdes Sirgado Ganho
«Os milagres são evidentes?»

Resumo da comunicação:
A nossa reflexão centrar-se-á na compreensão de David Hume relativamente à questão dos milagres. Tendo como referencia que a sua atitude está em sintonia com a ideia iluminista de refutação da superstição, pelo que nos interrogaremos acerca da sua crítica sobre o testemunho. A par disso tematizaremos em que sentido se compreende a evidência. Por fim a interrogação: será que a  sua atitude hermenêutica poderá acolher o milagre?

Breve nota curricular:
Docente e Investigadora de Filosofia na Universidade Católica Portuguesa desde 1983, Doutora em Filosofia, pela Universidade Católica Portuguesa em 1996, com a tese Consciência e Intersubjectividade em Jean Nabert . A obra está publicada na Série Universitária da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002 . Mestre em Filosofia Contemporânea, tendo apresentado  a tese Existência e Transcendência em Gabriel Marcel. A obra foi publicada pela Revista Itinerarium, Braga, 1994, 151p. Tem leccionado Filosofia em Portugal, Antropologia Filosófica, Filosofia do Conhecimento, Filosofia Moderna, Filosofia Contemporânea, Ontologia como principais matérias. Tem também leccionado nos Mestrados de Filosofia. É sócia do "Centro Studi Antoniani" de Pádua, desde 1982; membro da "Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa"; sócia do "Instituto de Filosofia Luso-Brasileira"; membro do CEFi da UCP. Tem cerca de 80 títulos publicados, intitulando-se o último Existir e Ser. Textos de Filosofia, poesia e espiritualidade, Lisboa, IN-CM, 2009. Está a coordenar a publicação, como Investigadora Principal, da obra Dicionário Crítico de Filosofia Portuguesa, na Imprensa Nacional- Casa da Moeda. Está a preparar como Investigadora Principal, o Projecto Presença do franciscanismo na filosofia portuguesa, em colaboração com a Ordem dos Frades Menores.
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Luís Lóia
«David Hume e Isaac Newton: a propósito das regras para bem raciocinar em Filosofia»

Resumo da comunicação:
Considerando o subtítulo do «Tratado da Natureza Humana» de David Hume, a saber: An attempt to introduce the experimental method of reasoning in moral subjects, procuraremos inquirir de que modo e até que ponto a influência da obra de Newton se faz notar no pensamento humeano. A partir do problema da causalidade, pretendemos aferir das “forças” ou dos “poderes ocultos” que determinam as relações de causa e efeito e, a partir daí, determinar o estatuto epistemológico dessas evidências empíricas e da sua genaralização. Nas afinidades e divergências entre Hume e Newton indagaremos acerca das regras para bem raciocionar em filosofia, expostas por Newton nos Principia, e das regras para julgar das causas e dos efeitos expostas por Hume no Tratado, bem como da sua revisão, pontual ,no Apêndice e na Investigação.

Breve nota curricular:
Licenciado em Filosofia, Pós-graduado em ‘Educação para a Cidadania’ e Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais, pela Universidade Católica Portuguesa, é Professor Assistente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e Professor de Filosofia e Psicologia do Colégio Manuel Bernardes. Investigador do Centro de Estudos de Filosofia (CEFi) da Universidade Católica Portuguesa, prepara, actualmente, o seu Doutoramento em Filosofia, com um estudo intitulado «Crença e Imaginação em David Hume».
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Conferência:w
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Américo Pereira
«Sobre a associação de ideias no Enquiry concerning human understanding»

Resumo da conferência:
A conferência, de carácter técnico,  versa sobre o que Hume entende como «associação de ideias», nas suas diferentes formas, na sequência imediata da formulação da sua teoria da «origem das ideias». Reside nestes dois momentos fundamentais do pensamento de Hume a escolha radical que este Autor faz quanto ao modo como a mente humana se relaciona com o que eventualmente a ultrapasse, pelo que toda a filosofia de Hume é determinada por estes mesmos momentos e escolhas. Como se sabe, aceitando ser marcado por Hume, grande parte do pensamento posterior retirará também daqui muito do que o informa.

Breve nota curricular:
Américo José Pinheira Pereira, Lisboa, 1963, é Licenciado, Mestre e Doutor em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa. É Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e Membro da Direcção do Centro de Estudos Filosofia, onde é Coordenador da linha de investigação «Hermenêutica, Fenomenologia, Ontologia». Tem como principal área de interesse filosófico a Ontologia, embora se ocupe de áreas como a Ética, Filosofia Política e Filosofia da Religião, áreas onde tem investigado, publicado e leccionado.

2º Dia – 07/12/2011

Conferência:

Ana María Andaluz Romanillos
«Hume y el problema de la metafísica»

Resumen la propuesta:
La cuestión que me propongo plantear podría expresarse en los siguientes interrogantes: Hume, ¿final de la metafísica o una nueva fundación de la misma? ¿Cómo hay que valorar la posición de Hume respecto a la metafísica?
Si nos atenemos al texto final de la Enquiry concerning the human Understanding, Hume habría decretado el final de la metafísica. Pero si nos fijamos en los ideales programáticos, tanto de la Enquiry como del Treatise, entonces cabe releer a Hume como propulsor de una “verdadera metafísica”, una preocupación que comparte con otros representantes de la modernidad, entre ellos, Kant.
A favor de una refundación de la metafísica, por parte de Hume, habla su programa de una “ciencia de la naturaleza humana”, pensada como fundamento de un “sistema completo de las ciencias”. A pesar de su famoso escepticismo, lo cierto es que su posición frente a éste es, como mínimo, matizada. Kant, que alabó siempre el buen juicio de Hume, consideró las investigaciones de éste como un eslabón fundamental en el camino hacia una Crítica de la razón.
Como escribe Michael Malherbe, el encuentro entre ambos filósofos debe ser interpretado como una “circunstancia hermosa”, como una “tensión fecunda”.
El objetivo de mi propuesta es detectar los aspectos positivos de Hume para la metafísica.

Breve nota curricular:
Ana María Andaluz Romanillos (Barcones, Soria, España, 1957) es catedrática de Metafísica y Teoría del Conocimiento en la Universidad Pontificia de Salamanca. En 1990 se doctoró en Filosofía con una Tesis sobre “La finalidad de la naturaleza en Kant. Un estudio desde la Crítica del Juicio”, publicada en 1990. Imparte las materias de su cátedra en la Facultad de Filosofía y en la Facultad de Teología de dicha Universidad. En la Universidad Católica de la Santísima Concepción (Chile) dirigió el programa de doctorado “Hombre, Naturaleza, Polis” e impartió el curso de doctorado “Teleología moral y teleología de la naturaleza en Kant”. Aunque ha escrito sobre otros temas y filósofos (Descartes, Toulmin, Zubiri), una gran parte de sus publicaciones están dedicadas a la filosofía crítica kantiana. Autora de la monografía Claves de la filosofía de Kant (2004) y editora del libro Kant. Razón y experiencia (2005), ha publicado en diferentes revistas y libros colectivos numerosos estudios kantianos, varios de ellos centrados en la relación de la Crítica del Juicio con el proyecto moral de la filosofía crítica.

3º Painel - Filosofia Religião II

Cassiano Reimão
«Deus e religião, em D. Hume; uma antecipação do tempo presente?»

Resumo da comunicação:
Segundo David Hume, a questão de Deus e da religião surgiu da “preocupação pelos sucessos da vida e da esperança e terrores constantes que assaltam o espírito humano”. Deste modo se sentiram os homens inclinados a  imaginar e a invocar os deuses. O politeísmo precedeu o monoteísmo. Eliminando a noção de causalidade e em conformidade com a sua atitude empirista radical, Hume afirma que de modo nenhum se pode provar a existência de Deus com certeza; critica as tradicionais noções da natureza de Deus e do poder divino, a relação entre moralidade e religião, bem como a racionalidade da crença em milagres; fundamenta, contudo, essas noções na psicologia humana, recusando argumentos racionais ou a revelação. Por tudo isto, Hume, ao levar ao extremo o fenomenismo agnóstico, tornou-se extremamente influente, antecipando algumas correntes do pensamento contemporâneo e da cultura do nosso tempo.

Breve nota curricular:
Cassiano Maria Reimão, licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa e pela Universidade de Lisboa, é doutorado em Filosofia Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa, onde prestou, também, provas de agregação.
Professor catedrático da Universidade Lusíada de Lisboa, tem assento no Conselho Científico e a regência de várias unidades curriculares com particular incidência nas temáticas da ética e da responsabilidade social. Exerce também funções docentes no Instituto Superior de Gestão, integrando o seu Conselho Científico. No antecedente, foi professor na Universidade Nova de Lisboa, na Universidade Católica Portuguesa - pertencendo, como investigador, ao Centro de Estudos de Filosofia (CEFi) – e na Universidade Lusófona. Colaborou, também, como docente, com a Universidade do Algarve, com a Universidade dos Açores, com a Academia da Força Aérea e com a Escola Superior de Educação de Torres Novas.
Foi membro do Conselho Económico e Social, do Conselho Nacional de Educação, do Conselho Deontológico da APESP, do Conselho de Avaliação do Ensino Superior Politécnico Privado e da ACISE , tendo integrado a sua Direcção.
Tem dedicado especial atenção às áreas da Antropologia Filosófica, da Ética, da Psicologia e da Educação, nas quais publicou diversos trabalhos (livros e artigos) e organizou vários eventos académicos (colóquios, seminários e conferências).

António Braz Teixeira
«A Filosofia da Religião de David Hume»A  comunicação  considera  os  três  planos   em  que  David  Hume  estudou  a  religião –  o  da  superstição  popular,  que  se  exprime  no  que   designou  por  história   natural  da  religião, a  tentativa   de  fundamentá-la  racionalmente,   através   da  chamada  religião   natural,  e  o  plano   da     e  da  religião  revelada – procurando  mostrar  que  a  distinção  que  o  filósofo  escocês  estabeleceu  entre  os  domínios  próprios  da  razão  e  da    não  o  conduziu  ao  agnosticismo  ou  ao  ateísmo  mas  logrou  mantê-lo  no  âmbito  da    cristã.

Breve nota curricular:
António Braz Teixeira, Lisboa, 1936, actualmente Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Lusófona, exerceu funções docentes nas Universidades de Lisboa e Évora e Católica. Membro da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras. É autor de duas dezenas de livros sobre direito, filosofia jurídica e hermenêutica do pensamento português, brasileiro e galego.

4º Painel – Projecção de David Hume

Ivone Moreira
«Autoridade e Tradição em David Hume e Edmund Burke»

Resumo da comunicação:
O objectivo desta apresentação é analisar a importância que David Hume atribui à tradição e ao hábito como sustentáculos da autoridade política. Esta faceta do pensamento de Hume é inseparável da sua valorização dos sentimentos morais. Burke, seu contemporâneo e esporádico correspondente, embora crítico de Hume e divergindo dele em muitos outros aspectos, pode ter recebido influência do pensamento humeano nesta sua particular característica.

Breve nota curricular:
É doutorada em Filosofia Moderna pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, com uma tese intitulada A Filosofia Política de Edmund Burke. Está vinculada profissionalmente à Universidade Católica Portuguesa desde 1986. Colabora com o Instituto de Estudos Políticos da UCP desde a sua criação em 1996. Desempenha actualmente as funções de Coordenadora do Programa de Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais, Segurança e Defesa. É docente da Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais desde 2002.
Tem publicado nos domínios da Filosofia Política, da Filosofia Moderna e da Filosofia em Portugal. Colaborou em projectos científicos no mesmo domínio.

Carlos Marques
«Significado e alcance dos argumentos de Hume sobre a existência e a natureza de Deus nos Diálogos sobre a Religião Natural»

Resumo da comunicação:
O objectivo da minha comunicação é o de defender que as críticas de Hume aos argumentos tradicionais em favor do teísmo e cepticismo que nelas transparece não pode ser confundido com qualquer espécie de irracionalismo. Para isso passarei em revista a argumentação de Hume (em especial a relativa ao chamado argumento do desígnio) e apresentarei uma interpretação sobre o significado que deve ser dado ao cepticismo religioso de Hume. Concluída esta tarefa, procurarei mostrar que, pelo menos em matéria de filosofia da religião, Hume pode perfeitamente ser classificado como racionalista!

Breve nota curricular:
Professor na Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho. Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa; Mestre em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa; Doutorando no Instituto Universitário Europeu (Florença-Itália); "Visiting Scholar" na Universidade de Columbia (Nova Iorque - EUA) no ano de 2000.

Conferência de Encerramento:

Joaquim de Sousa Teixeira
«Os Diálogos sobre a Religião Natural como desafio à Teologia Filosófica»

Resumo da conferência:
Pressupondo uma leitura histórico-filosófica e hermenêutica do texto de David Hume, esta comunicação cinge-se a alguns tópicos que ainda podem ser úteis, hoje, a uma Teologia Filosófica (ou, em linguagem kantiana, a uma "teodiceia autêntica"). Para lá do seu criticismo cético e "iluminado" face à superstição, ao entusiasmo fácil, ao dogmatismo, aos teólogos estabelecidos, etc., há que ponderar bem as teses filosóficas dos três interlocutores, sobretudo as diversas argumentações, a propósito das "provas a posteriori", em torno da analogia, da causalidade e do desígnio. Entre as debilidades inerentes a este tipo de filosofia destacam-se duas: primeiro, a doutrina do conhecimento do Autor é insuficiente para cumprir tamanha tarefa; segundo, toda a argumentação gira à volta de ideias, sem articular o momento formalmente lógico-filosófico com algo que o precede e lhe dá consistência ontológica - a saber, a experiência religiosa metafisicamente interpretada no quadro de uma Antropologia Filosófica que mostre o carácter estrutural da dimensão religiosa do homem.

Breve nota curricular:
Nasceu em 1940. Professou nos Salesianos de Dom Bosco em 1958 e foi ordenado sacerdote em 1970. É licenciado em Filosofia Escolástica (Roma, 1964), Teologia (Roma, 1970), Filosofia (Lisboa, Faculdade de Letras, 1976) e doutorado em Filosofia (Lisboa, UCP, 1995). Como professor nas Faculdades de Teologia e de Ciências Humanas (FCH) e no Instituto de Estudos Políticos (IEP) da UCP, lecionou, entre outras, as disciplinas de Antropologia Filosófica, Ética e Teologia Filosófica. Foi membro dos Conselhos Científicos da FCH e do IEP. Aposentado desde agosto de 2011, continua a integrar a direção do CEFi.